quarta-feira, 3 de março de 2010

Mais uma entrevista com Depp em Londres

Você já era um fã do livro?
Quem não é? “Alice no País das maravilhas” é um dos 25 maiores livros de todos os tempos. Eu sempre amei o livro e eu sempre amei os vários personagens, a natureza psicodélica e aquela espécie de histórias alegóricas dentro de [outras] histórias. Eu sempre achei que era lindo’.

Como você se focou para o papel?
Tive que reler o livro não muito tempo antes e havia linhas em que eu fiquei bastante fascinado, que eu achei que fossem pistas para o personagem, bem pequenas. O Chapeleiro Maluco faz uma declaração: “Investigo coisas que começam com a letra M,” e nunca lidam com isso no resto do livro. É por causa do mercúrio. Ele não podia se lembrar bem disso. Lembrou-se do M. Foi o mais longe que ele conseguiu [risos]. E naturalmente você pensa Chapeleiro, “louco como um chapeleiro”, que a coisa toda vem de envenenamento de mercúrio, porque usavam mercúrio no processo de fazer chapéus, e os caras começavam a ficar estranhos.
Você disse que a idéia para a aparência do Chapeleiro chegou muito rapidamente.
Foi quase num instante. Quero dizer, tive uma idéia bem forte de como ele devia ser, e claro, falei com o Tim sobre ele e quis estar certo de que estaria ok. Quando Tim e eu nos reunimos, retirei minhas pequenas pinturas e Tim retirou seus desenhos e eles não eram muito diferentes. Tim disse “gosto do cabelo alaranjado”. Ele gostou do rosto multicolorido, pintado – como um palhaço esquisito, suponho.

Seus personagens sempre vêm próximos [um do outro] tão rápido?
Houve um par que chegou bem rápido; então outros você encontra. Isso é realmente estranho, quando eles [equipe do filme] chegam algumas semanas depois que você já terminou de interpretar e você vai, “M*rda! Posso voltar e refilmar o material”? E voltei e refilmei o material. Mas o Chapeleiro veio muito rápido. Assim como o Capitão Jack.

É verdade que você baseou o Chapeleiro em alguém que você conhece?
Há uma pessoa, em particular, que é o ingrediente principal para o Chapeleiro e se dissesse quem é eles provavelmente ficariam chateados. É alguém com quem eu tive contato e fiquei fascinado pelo modo que essa pessoa falou. E então eu soube, quando encontrei a pessoa, que eu ia absorver tanto quanto pudesse, e um dia usaria num personagem. E fiz.

Li uma entrevista com sua parceira Vanessa Paradis onde que ela alegou que você roubou a idéia dos espaços entre os dentes do Chapeleiro dela!
[Risos] Bem, talvez um pouco… O francês chama os dentes com um espaço no meio de “les dents de bonheur” – “os dentes da felicidade”. São como dentes de boa sorte, sabe? Sabe o passou na minha cabeça inicialmente? Que eu então tinha usado os dentes dela – acho que eles são tão bonitinhos e tudo mais – mas eu realmente pensava em Terry-Thomas. Tive essa coisa meio Terry Thomas na minha cabeça.

Às vezes seu Chapeleiro fala com um sotaque Escocês, outras vezes inglês. O sotaque Escocês foi baseado em alguém em particular?
Fiz um escocês oriental, como Aberdeen, em “Em busca da Terra do Nunca” e eu sempre fui meio interessado em Glasgow porque há um verdadeiro perigo nisso.

Como você pensa que puristas de Carroll reagirão ao filme?
Não vá vê o filme, cara! Um purista de Roald Dahld sem dúvida não deve assistir meu Wonka. Mas se é purista, não assiste o Wonka de Gene Wilder porque Roald Dahl não estava particularmente entusiasmado com isso. São entidades tão separadas. Pegamos estes personagens do livro e pegamos um par de cambalhotas e voltas.

Você trabalhou com Burton em sete filmes. O que acontece que você continua voltando a trabalhar com ele?
Ele deixa tanto espaço para você brincar, trabalhar. É a oportunidade que você sonha quando é um ator, de dizer, “Eu gostaria de tentar algo. Pode ser um lixo, mas eu gostaria de tentar e ver se funciona”. Se você está disposto a fazer algo e não tenta pressionar um pouco mais, qual é objetivo, especialmente com um personagem com o Chapeleiro maluco. Tim te dá esse espaço, essa flexibilidade.

Depois de Alice, você foi para Porto Rico filmar The Rum Diary, uma adaptação do romance de Hunter S. Thompson com o diretor Bruce Robinson, que não faz um novo filme desde Jennifer Eight em 1992. Como foi trabalhar com ele?
Pois é cara, ele estava fora… por quase 17 anos ou algo assim. Ele simplesmente não queria mais. Acho que a última coisa que aconteceu foi ele conhecer a coisa do estúdio e descobriu que é algo tão cruel que não quis tentar de novo. Então ele só escreveu, se divertiu e fez o que fez.

Você está prestes a estrelar um quarto Piratas esse verão (americano), assim como interpretar “Tonto” em The Lone Ranger e reunir com Burton para Dark Shadows, mas antes você está filmando “The Tourist” com Angelina Jolie. Como é tudo isso?
The Tourist é algo que meio que chegou junto com Angelina Jolie já escalada pra ele e pareceu bom. Parece algo diferente para mim. Se for relacionado a qualquer coisa do gênero esperto, ganha um ar de “Intriga Internacional” que eu gosto. Eu já a vi em algumas coisas (trabalhos) e ela parece ser realmente ótima, você sabe: parece uma boa garota. Ama sua família, ama seu marido, ama o trabalho.

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